sábado, 14 de maio de 2011

"Juventude + arte = transformação social"

por Heliana Vilela
(Diretora Regional de Lisboa e Vale do Tejo do IPJ)




A arte e a cultura podem ser valiosos instrumentos de transformação social e as diversas experiências e actividades culturais e artísticas realizadas por associações juvenis e estudantis devem ser tomadas como referência. São possuidoras de metodologias reconhecidas, tanto pelas acções sociais quanto pela qualidade com que se destacam no meio artístico. Integrando a expressão artística  nos processos de aprendizagem e mobilização da juventude afirmamos as suas potencialidades na construção do país. Esta metodologia exerce um grande poder de atracção, em especial nos jovens, – abrindo portas para processos de construção de identidade, de criação de laços afectivos, de desenvolvimento de alternativas de inserção, de luta pelos seus  direitos de participação e cidadania.

A arte é uma das formas do jovem se manifestar. Num contexto onde as perspectivas são escassas, as iniciativas de transformação pela e através da arte, acabam por  aumentar a auto-estima dos jovens criando (e re-criando) identidades de grupo, e  com o meio social envolvente, estimulando-os a reflectirem, experimentarem e lutarem por uma realidade melhor. Sendo a arte e a cultura ferramentas importantes de transformação social, a juventude manifesta-se de várias formas pois um grupo musical, teatral, de bailado ou de graffiti são formas de organização e de expressão acentuadas na juventude. O concurso promovido pelo Instituto Português da Juventude (IP) e pelo Clube Português de Artes e Ideias, associação juvenil inscrita no Registo Nacional do Associativismo Jovem (RNAJ), permite a promoção dos trabalhos de criação artística nas áreas de artes digitais e plásticas, dança, design de equipamento e gráfico, fotografia, joalharia, literatura, moda, música e vídeo a jovens até ao 30 anos de idade. Este é um dos muitos exemplos e oportunidades que devem ser aproveitados, pois temos  presente que os jovens procuram cada vez mais estas formas de expressão que aproximam aspectos distintos das suas vidas, e mesmo com as dificuldades que atravessamos, a verdade é que, a dedicação e a participação dos jovens a estas iniciativas, tem vindo a aumentar.

A arte é igualmente uma possibilidade de expressão da diversidade cultural. É uma atitude que alarga  o campo das manifestações culturais onde por vezes insiste-se em reduzir os movimentos, os estilos e as formas estéticas presentes nos nossos quotidianos. É uma tarefa urgente para as entidades governamentais ligadas à juventude, à educação, à saúde, à comunicação, à segurança pública e ao meio ambiente, estarem atentos à necessidade de caminhar de forma integrada e complementar. É necessário criar as condições para que tradição e  contemporaneidade se cruzem, re-criando a tradição.

São várias as formas de expressão artística que os jovens utilizam, sendo a música uma das mais utilizadas o graffiti é igualmente, muito apreciado no meio jovem. Esta forma de arte apareceu nos meios urbanos como leituras multi-referenciais, descrevendo identidades vividas em busca da aceitação e compreensão do eu, estando centralizada muito no espírito de pertença, a um género, a uma cor ou classe social. As experiências tidas com estes grupos de jovens são estratégicas para o desenvolvimento humano, pois são vividas no plano não-formal de educação, minimizando o impacto negativo da exclusão social pois escolhem este modo de manifestação pela arte em detrimento de outras como a criminalidade. O 3D graffiti,  seja em giz ou tinta,  em paredes ou na rua,  representa uma nova maneira de combinar o domínio de técnicas da arte renascentista com o graffiti. Estes artistas, na maioria jovens de rua 3D dão um significado totalmente novo ao graffiti “ que afasta a interpretação convencional do graffiti como vandalismo em forma de imagens e cartas rabiscadas em propriedade pública. Artistas como Kurt Wenner, Eduardo Relero e Tracy Lee Stum criam arte de rua que está tão incrível que é quase impossível passar sem ser sugado para os mundos que eles criam no asfalto e superfícies de cimento ”.

Estas práticas representam o presente e o futuro, que marca a adolescência destes jovens, nas suas rupturas, continuidades e busca de identidades, moldando a sua forma de ser, de fazer e de estar no mundo. Significam, também, a dualidade local e global, bairro, vila, cidade e país, que é trespassado de uma forma transversal por sinais e símbolos do processo de sociabilização e globalização.




P.S.: Foto 1 - Uma amiga, Maurilene Moreira, da Cia. Ponto Dança.
        Foto 2 - Cia. dos Pés Grandes no espetáculo Disritmia.
        Foto 3 - Eu dançando o Disritmia.
        Foto 4 - Cia. Quasar de Dança.

Escutem Sia, Breathe me...

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