segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sem necessidade para a Dança Contemporânea na minha vida

Então, mas uma vez aqui.
Meu nome é Rubéns e vim falar um pouco sobre mim.
Antes de começar a dançar eu pensava em se padre e trabalhar com os joves e pobres. Conhecer a vida das pessoas e fazer parte delas era algo realmente prazeroso pra mim. Me fazia ver os milagres e presenciar as tranformações. Agir no social em detrimento de uma causa maior, que é a proposta da Teologia da Libertação, era o que me motivava a estar sempre em contato com as pessoas. Dessa forma eu estava diretamente em contato com a vida. Entrei no teatro, e na dança em paralelo. Sai do teatro e fiquei só na dança (NOTA: já fazia publicidade na época) de forma que eu pudesse aprimorar cada vez mais a "técnica" que me era repassada e que o meu corpo fosse cada vez mais apto à tal da dança contemporânea (dotada de toda a base clássica no local onde eu praticava). Pouco tempo depois entrei num Curso Técnico em Dança para começar a entender todos os questionamentos que me fazia a cerca daquela tal dança que me ensinavam. 
Um dia alguém perguntou: Qual a tua dança?
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Toda a minha vida parou naquele instante e fui atrás de responder aquela pergunta. A partir daí fui atrás de saber que coisas realmente atravessavam a minha dança.
Na dança contemporânea eu aprendi que não preciso dar 32 piruetas com medo de alguém pegar o meu lugar de destaque. Aprendi que muito mais que disciplina, eu preciso ter rigor e generosidade para comigo, com os outros e com meu ambiente de trabalho. Com a dança contemporânea aprendi a perceber os meus limites e trabalhar as minhas potencialidades. Aprendi a ser mais amável com as pessoas e a valorizar os corpos/mentes que estão ao meu redor (não importa quão evoluídos eles estejam). Reaprendi o valor de cada pessoa, de encontrar o potencial delas sem machucá-las ou magoá-las e de tentar dar um sentido para a vida (apesar da vida ser tão sofrida).
Com a dança contemporânea redescobri a vida através do dia-a-dia, através das possibilidades e através das formas de existir das pessoas. Redescobri minha forma de habitar o mundo. Através da minha dança eu redescubro mundos novos e pessoas novas.
Depois da dança contemporânea sou mais capaz de afetos e mais disposto a enfrentar o mundo do medo que cada dia nos impreguina de condicionalidades...

Liberdade... talvez. Mas o que eu quero mesmo ainda não tem definição.


P.S.: bons tempos para escutar Natalie Imbruglia ou The Cramberies.